Pandemia muda mercado de imóveis

Júnior Batista – Tribuna de Santos


A pandemia influenciou as prioridades de quem busca, neste momento, a casa própria, segundo profissionais do setor imobiliário. Apartamentos maiores ou com um dormitório exclusivo para fazer de escritório já são mais procurados na região, acompanhando uma tendência nacional.

Pesquisa encomendada pelo Sindicato da Habitação (Secovi) e feita pela Brain com 2.389 consumidores de todas as regiões do País apontou que para 34% dos possíveis compradores é imprescindível ter um espaço para home office.

Segundo o corretor de imóveis Haroldo Tucci, a procura por lazer e conforto começou a ser mais importante, porque os moradores agora passam mais tempo em casa, usufruindo também da estrutura do condomínio.

“A pandemia trouxe essa busca por um tamanho maior de apartamento e, também, por um cômodo a mais. Esta é uma tendência deste momento, enquanto vivemos essa pandemia”, destaca ele.

Segundo a pesquisa encomendada pelo Secovi SP, 40% dos consumidores intensificaram sua vontade de mudar de imóvel na pandemia. Destes, 13% já estão visitando apartamentos.

A região com maior vontade de comprar é o Nordeste, que tem 46% dos consumidores com esse pensamento. Entre os que ganham até R$ 4 mil, só 8% querem comprar um imóvel neste ano; entre os que possuem salário acima de R$ 13 mil, o índice é de 40%.

Com relação aos fatores que os fazem decidir ou não pela compra de um imóvel, 49% dizem ser imprescindível ter varanda, bem como academia (47%) e espaço para home office (34%).

Isso se dá em todas as classes sociais, conforme indica o levantamento. Desde um público específico, que já está começando a avaliar uma cobertura, por exemplo, até aqueles que simplesmente querem sair de um quarto e ir para dois, mesmo sem filhos.

“A explicação para isso está na insegurança. Não há garantia de vacina nem de que a pandemia terá uma onda única. Isso afeta as decisões tanto dos que já pensavam em mudar quanto daqueles que se viram apertados porque começaram a trabalhar de casa”, aponta Tucci.

 

Imóveis populares

Para o diretor de obras da Construtora Credlar, Reinaldo Lozano, esse movimento também alcançou a habitação popular. Entre seus clientes, com renda familiar em média de R$ 6 mil, houve aumento de cerca de 30% na busca por apartamentos de dois dormitórios desde o começo da pandemia. Já a área de lazer se tornou um item indispensável para esse público. “Antes da pandemia, o preço era o item mais importante. Agora, é o preço e o lazer”, informa ele, que produz imóveis para Praia Grande e agora investe em São Vicente. Em abril, Lozano entregou 500 unidades na Esplanada dos Barreiros e há 278 prontas para venda na Rua Frei Gaspar.

Profissionais do mercado de imóveis na região confirmam que o setor está aquecido, com bons preços, estáveis e até mesmo mais baratos em muitos casos. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) na Baixada Santista e Vale do Ribeira afirma que o mês passado foi o melhor agosto em três anos, com média de 80% a mais em vendas sobre o ano passado, englobando imóveis novos e usados. “É um percentual alto, mas, na prática, é o que está acontecendo. Tanto novos quanto usados”, afirma o delegado regional do Creci na região, Carlos Ferreira.

Um terço desses compradores é formado por quem já possui uma casa e quer trocá-la por uma maior, segundo o delegado do Creci em Praia Grande, Paulo Wiazowski: “De cada dez lançamentos neste ano, só um é dormitório único. Até o ano passado, essa proporção era de 50% um dormitório e 50% dois ou mais. As permutas puxam muito isso, pois há os que moram em um e estão indo para dois, além dos que possuem dois e foram para três dormitórios”.