Qual o potencial de valorização de um imóvel?

Matéria do jornal O Estado de S. Paulo


Há quem defenda que o investimento em um imóvel nunca é perdido e sempre traz retorno. Mas, na prática, nem sempre é assim – principalmente a longo prazo. O valor do bem também é volátil e mudanças no equilíbrio entre a oferta e a procura podem desvalorizar o patrimônio.
 

Definir a compra de uma casa ou apartamento exige, portanto, observar tendências de mercado e projetar o potencial de revenda da propriedade, mesmo caso o objetivo principal da aquisição seja moradia.

O potencial de valorização do imóvel é o quanto o valor do bem aumenta em relação ao seu preço inicial. E este cálculo é complexo: interferem no custo o sobe-e-desce das condições econômicas do País, a evolução na qualidade de vida do bairro ou cidade e eventuais mudanças de comportamento da sociedade.

Na economia, um exemplo de como isso funciona é a variação na taxa de juros: o aumento na Selic empurra para cima as taxas de financiamento que, por sua vez, podem encarecer os imóveis e baixar a procura. Em relação à mudança de comportamentos sociais, eventos de grande impacto, como a pandemia, podem acelerar tendências – como ocorre agora com o fluxo de moradores de grandes centros urbanos para áreas mais afastadas.

Mesmo diante desse cenário incerto, há três fatores objetivos importantes a se considerar. Confira:

Localização

A localização é o fator mais importante de valorização de uma propriedade, afinal, está relacionada ao planejamento urbano e ao potencial de desenvolvimento do bairro ou cidade.

A primeira camada de avaliação é simples. Observe a oferta de serviços essenciais, como bancos, mercados, farmácias e hospitais, e de serviços de lazer, como restaurantes, clubes, shopping centers e parques ou praças com áreas verdes.

Procure pesquisar e acompanhar o noticiário sobre o bairro – a segurança é uma das questões mais importantes: fique atento aos índices de violência e aos projetos propostos pela prefeitura e/ou governo do Estado para a região.

Condições

Neste quesito, a primeira avaliação também é simples: quanto maior a metragem e quanto mais cômodos a unidade tiver, melhor. Vaga em garagem, vista agradável e elevadores (em caso de prédio) são exemplos de critérios a se considerar na hora de avaliar o valor de uma unidade.

A adaptabilidade da estrutura também costuma atrair mais compradores, que podem investir em projetos de iluminação ou decoração sem a necessidade de grandes reformas. Importante também observar os acabamentos: qualidade e durabilidade significam menos gasto com trocas e manutenção e podem valorizar o imóvel.

Se a casa ou o apartamento está localizado em um condomínio – sobretudo se a taxa mensal for alta –, avalie a qualidade da estrutura comum, como academia, piscina, salão de festas e o cuidado com a manutenção e limpeza das áreas.

Documentação

Dica fundamental: analise bem a documentação. Imóveis regularizados e com impostos em dia tendem a se valorizar no mercado. Propriedades com dívidas ou em processo de regulamentação, caso de disputas familiares em herança ou terrenos sem escritura, por exemplo, ficam depreciados. Ou ainda pior: a confusão judicial pode levar anos até que seja resolvida e o bem fica imobilizado para venda.