Gasto em alta assusta condomínio novo

Um ano após a entrega das chaves de um condomínio em Osasco, os moradores do residencial tiveram um susto ao receber a notícia de que as despesas condominiais subiriam 61,7% - de R$ 217 mensais para R$ 351. Reajustes como esse são necessários, mas nem sempre informados de forma adequada pelas empresas no momento da venda e da construção dos edifícios. Por isso, a atenção extra de quem compra na planta se torna essencial. ``A administradora faz uma proposta subavaliada, com contratos muito básicos. Não prevê manutenção completa dos elevadores, nem gastos com jardineiro, auxiliar de manutenção, segurança, etc``, diz Diego Teixeira, de 30 anos, que é conselheiro do conjunto habitacional. Desde a entrega, em abril do ano passado, as dfespesas do condomínio não pararam de crescer. A necessidade de contratação de funcionários para dar conta do aumento de ocupação elevou em 65,48% o gasto com pessoal nove meses após a instalação. Houve, ainda, crescimento do consumo de água, que representou, no reajuste, um gasto 80% superior ao previsto. A inadimplência foi outro problema enfrentado. Em janeiro deste ano, 26% das unidades do conjunto, que tem 432 apartamentos em três torresm não estavam com as contas em dia. ``A subavaliação e a inadimplência fazem com que o condomínio fique extremamente insolvente no início``, afirma Teixeira. O valor inicial aprovado pelos moradores na assembleia de implantação correspondia, segundo ele, ao prometidodurante a venda do empreendimento na planta. ``O que normalmente ocorre, por a construtora ser dona da maior parte dos apartamentos, é que ela indica a administradora na assembleia de entrega. Quer lançar o empreendimento com o condomínio baixo para facilitar a venda. E, na assembleia, os valores são subavaliados, devido a um acordo comercial entre construtora e administradora``, diz ele. É a primeira vez que Teixeira ocupa um posto no corpo diretivo de um condomínio, assim como o síndico do residencial, Douglas Vieira, de 30 anos. Sem experiência, eles dizem ter acatado a sugestão de orçamento dada pelo Grupo Hubert, que administra o conjunto. E disparam: não foram avisados pela prestadora de serviço quando o balanço condominial passou a ser negativo. Como o condomínio utiliza conta pool, gerida pela administradora de forma conjunta com recursos de outros edifícios, os compromissos do residencial foram cumpridos. O conjunto passou, porém, a dever para a empresa. ``O condomínio, nessa distorção, fica refém da administradora. E nenhuma outra empresa quer absorver a dívida.`` Depois do reajuste, em maio, a situação está mudando. O conjunto contratou uma assessoria jurídica para aumentar a pressão sobre os inadimplentes, reduzindo o problema para atuais 11%. E, agora, com as contas equalizadas, não tem dívida líquida com a Hubert. ``Mesmo após toda a turbulência, o processo de melhoria é contínuo, e sentimos uma valorização.`` Procurado pela reportagem, o Grupo Hubert, indicado pela construtora Rodobens na implantação, apresentou as contas do condomínio, justificando o aumento. ``As prestações de contas são enviadas a todos os condôminos, e estam apresentam os saldos. Portanto, quando o saldo ficou devedor, este foi demonstrado nas prestações de contas. O corpo diretivo, em reunião, decidiu que a assembleia para tratar o assunto deveria ser realizada em abril de 2012, o que ocorreu``, diz a gerente geral da empresa especializada, Carmen Wallerstein. Segunda ela, a Hubert informa, na assembleia de implantação, que a previsão inicial de gastos deve ser adequada em função da ocupação ou ainda de itens que os condôminos entendam como necessários. ``Além disso, não é possível simplesmente reajustar o valor apresentado na época do lançamento, (normalmente três anos antes da entrega) pelo IGP-M ou outro índice, pois o maior valor de uma previsão orçamentária (usualmente 50% do total) é destinado à mão de obra, que é reajustadapor dissídios coletivos das categorias, que têm sido superiores a esses índices.`` Fonte: Jornal da Tarde - Gustavo Coltri