Sem garantia de taxas reais

Desde o momento da compra de um imóvel no estande devendas de um lançamento, o valor do condomínio aparece como uma preocupação real dos clientes. Os corretores, atentos, informam estimativas das taxas já na assinatura do contrato, mas os valores podem variar consideravelmente até o fim das obras. De acordo com o diretor de administradoras do Sindicato da Habitação de São Paulo (SecoviSP), João Luiz Annunciato, as previsões para um empreendimento são feitas por administradoras e se baseiam em projetos semelhantes. ``Normalmente a empresa que faz o orçamento é indicada pela construtora para continuar na entrega. Na assembleia de implantação, o orçamento é atualizado.`` A estimativa leva em conta aspectos como a cidade e o bairro do lançamento, a quantidade de torres e de unidades, o tamanho das áreas privativas, das áreas comuns de lazer e operacionais e os serviços opcionais. ``As atualizações da previsão de custos precisam ser realizadas sempre que houver dissídio da mão de obra, além dos aumentos de contas de consumo e contratos de manutenção. Desta forma é possível acompanhar estes aumentos e manter aínformação próxima da realidade``, diz a gerente comercial do Grupo ltambé, Silvia Barletta. Alguns índices são também usados para a sugestão dos valores. O Índice de Custos Condominiais (Icon) , levantado pelo Secovi-SP, mostra a variação dos gastos em cinco grandes categorias. Já a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic) trabalha com o Índice Periódico de Variação de Custos Con- dominiais (lpevecon), calculado mensalmente. A inadimplência, porém, não pode ser estimada com precisão pelas empresas - elas consideram, em média, 8% de todas as unidades. Mesmo com cuidados, o diretor da Paris Condomínios, José Roberto Iampolsky, pede que o consumidor tenha atenção aos valores informados na venda. ``Nos plantões de venda existe muita perfumaria. Agente, àsvezes, até se choca no momento da implantação``, diz. Elerecomenda comparar a taxa condominial prevista com as praticadas em empreendimentos similares atendidos por outras empresas. O condomínio é específico. Recomenda-se que o corretor não chute valores. Ele não é especialista``, afirma a diretora de marketing da imobiliária Abyara Brasil Brokers, Paola Alambert.:: Síndico responde por descontrole Após a entrega de um lançamento, os custos de um condomínio tendem a crescer até a plena utilização das unidades. Esse movimento exige transparência das administradoras e atenção do corpo diretivo dos edifícios. Nos empreendimentos da incorporadora Helbor, a ocupação dos prédios chega, em média, aos 90% das unidades após um ano da instalação. ``A administradora tem um processo de trabalho que vai se ajustar. E, eventualmente, aquela previsão pode ser revista``, diz o assessor de assuntos corporativos da companhia, Roberto Viegas, O consumo de água e energia são crescentes à medida que os moradores aumentam, pressionando os gastos para cima. Além disso, a falta de ocupação requer cuidados adicionais por parte dos envolvidos na gestão. No momento inadequado, o desmembramento da conta unificada do edifício entre as unidades pode elevar os custos com tarifas públicas, já que imóveis vazios pagam cotas mínimas independentemente do uso. Segundo o vice-presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condornínios de São Paulo (Aabic), Fábio Kurbhi, a taxa definida nas assembleias de implantação é elevada também de acordo com as decisões dos condôminos. ``Tudo depende do que se vai implementar no condomínio``, diz. Pela elevação constante de custos, as empresas especializadas devem apostar na clareza para descrever a evolução orçamentária dos edifícios, na opinião do diretor de Administradoras do Secovi-SP, João Luiz Annunciato. Além disso, elas devem informar aos síndicos quaisquer alterações de custos. ``Se os gastos persistirem por mais de um mês, proponho para o síndico que uma assembleia seja convocada``, explica. O síndico representa juridicamente o conjunto e responde por sua ação ou omissão. ``O dever legal é do síndico. A administradora somente auxilia``, diz o especialista em direito imobiliário Marcelo Tapai. Fonte: Jornal da Tarde | 21/09/2012