Mercado de usados fecha 2014 em alta na Capital

Texto veiculado no jornal 'O Estado de São Paulo' dia 24/01/2015

As vendas de imóveis usados cresceram 91,23% em dezembro na comparação com novembro na cidade de São Paulo e fizeram com que 2014 fechasse no azul, com saldo positivo de 41,11% no volume de casas e apartamentos negociados pelas imobiliárias pesquisadas mensalmente pelo CRECISP. E a locação de imóveis residenciais também cresceu em dezembro, com resultado 23,88% maior que o de novembro. Mesmo assim, esse bom desempenho não foi suficiente para que esse mercado escapasse do vermelho, fechando o ano passado com saldo negativo de 11,05% no total de novos contratos. O que igualou a locação residencial e a venda de imóveis usados em 2014 foi o desempenho negativo dos preços e dos aluguéis. O valor médio do metro quadrado dos imóveis usados vendidos na Capital terminou o ano com desvalorização de 22,12%, no acumulado mês a mês. A desvalorização acumulada dos aluguéis foi de 13,53%. Esses dois índices superaram a inflação de 6,41% medida pelo IPCA do IBGE. Segundo o presidente do CRECISP, José Augusto Viana Neto, os resultados da Capital provam que o mercado resistiu às dificuldades de 2014, mesmo apresentando muitos altos e baixos ao longo do ano. ``A pesquisa do CRECISP é uma amostra do que se passa nesse mercado, mas ela deixa evidente que há um estrangulamento do potencial de vendas em uma cidade de 11 milhões de habitantes``, afirma, ao atribuir essa situação às restrições do financiamento bancário. Viana enfatiza que o número de imóveis usados vendidos na Capital, e em todo o Estado, seria muito maior se as famílias pudessem contar com crédito imobiliário ajustado ao seu perfil de renda. Ele argumenta que a maioria não aguenta pagar, por exemplo, prestações que podem ultrapassar os R$ 5.000,00 mensais em empréstimo de R$ 500 mil para quitação em 30 anos. ``E os financiamentos em dezembro foram responsáveis por apenas 53,52% dos negócios fechados nas imobiliárias, enquanto as vendas à vista representaram 43,66% do total``, acrescenta Viana Neto. Além disso, o presidente também comentou sobre o aumento dos juros cobrados pela CAIXA em vários tipos de financiamento, medida que, segundo ele, atinge diretamente o bolso da classe média. ``É preocupante ver que o governo optou por um ajuste que preserva lucros e ganhos dos bancos e pune grande parcela da população que precisa de apoio e suporte para ter sua moradia própria``, critica Viana Neto. Ainda que a Caixa tenha mantido as taxas de juros dos financiamentos contratados com recursos do FGTS, que incluem os imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, Viana entende que o governo não pode fazer uma ``administração de apartheid social`` nessa área crítica da habitação, em que faltam pelo menos 5 milhões de casas no País. ``Os mais pobres já têm o devido e necessário suporte dos subsídios e do apoio financeiro do Tesouro, mas a classe média, que ajuda a pagar essa conta com seus impostos, não pode ser excluída do mercado como será quando se aumentam os juros em quase 2 ponto percentuais, de 9,2% ao ano para 11%``. Ele ainda destaca a frouxidão com que o Banco Central trata os bancos que captam dinheiro da poupança e que são responsáveis por parte do crédito imobiliário no País. ``A Caixa sozinha responde por mais da metade dos financiamentos concedidos para a compra de imóveis usados, quando deveria ser o contrário, mas não se vê pressão, iniciativa ou esforço do governo para mudar essa situação.`` Viana também se mostrou preocupado com o saldo negativo de 11,05% no mercado de locações da Capital em 2014. Ele afirmou que a renda das famílias vem sendo comprimida pela elevação de custos variados, como alimentação e despesas gerais, e o resultado é que muitas famílias têm buscado alternativas mais baratas ao aluguel, como a moradia compartilhada com os pais ou outros familiares, o adiamento da decisão de se alugar para morar sozinho no caso de jovens solteiros e a mudança para cidades da região metropolitana. A íntegra da pesquisa CRECISP pode ser encontrada no link: www.crecisp.gov.br/pesquisas/pesquisa.asp