A mudança começa por nós, Corretores de Imóveis

Texto veiculado no jornal 'O Estado de São Paulo' dia 03/01/2015

Esse é o nosso primeiro texto de 2015 e, como sempre acontece, o Ano Novo renova nossas expectativas a respeito do mercado imobiliário e de nossa atividade como corretores de imóveis. Muito mais do que fazer planos para os próximos doze meses, seria prudente que puxássemos pela memória e procurássemos compreender como os acontecimentos de 2014 irão refletir no nosso segmento a partir de agora. O ano passado foi visto por muitos especialistas como um período difícil para o setor, haja vista tantos desencontros das manchetes dos jornais, com ameaças de bolhas, seguidas por chances de lucros mirabolantes graças à Copa do Mundo, e até uma certa estagnação e o compasso de espera propostos pelas eleições. No entanto, os meses transcorreram, sobrevivemos diante de tantos sobes e desces e ao final, o saldo contrariou a muitos que apostavam no pessimismo para, mais uma vez, diminuir a autoestima do nosso povo. Os dados mostraram um outro cenário. No crédito imobiliário, por exemplo - um bom termômetro dos negócios - o volume de financiamentos de janeiro a novembro, segundo os últimos dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) atingiu R$ 102,2 bilhões destinados à aquisição e construção de imóveis, o que representa 3,4% a mais do que o mesmo período de 2013. Nas diversas reuniões com representantes do segmento organizadas pelo CRECISP, ao longo de 2014, grande parte do que se ouviu indicava muito mais um momento de calmaria do que uma crise na venda e na locação de imóveis. E se aqui no Brasil, nossa valorização, por algum motivo, andou em baixa, os rankings no exterior ainda nos veem com outros olhos. A Afire- Association of Foreign Investors in Real Estate -, por exemplo, coloca o País, pelo terceiro ano consecutivo, em posição de destaque no rol das nações emergentes consideradas para as melhores aquisições globais de imóveis. Em nossa casa, a demanda por imóveis continua grande, temos crédito, estabilidade de emprego, em um cenário altamente favorável para o fechamento de bons negócios. Além disso, com a concentração de todas as informações pertinentes no registro do imóvel, vamos diminuir a burocracia e os custos das transações. Ganha o comprador, ganha o vendedor e, finalmente, ganha o corretor de imóveis. É preciso enxergar além das superficialidades e praticar uma mudança real em nossos hábitos e costumes. Já é tempo de pararmos de reclamar daquilo que nós mesmos permitimos. Se uma situação nos incomoda, vamos unir forças, trabalhar para mudar o nosso entorno, conscientes de nossas obrigações e respeitando a nossa legislação. Nosso Código de Ética nos impõe que, ao sabermos de alguma irregularidade, informemos o CRECISP, sob pena de autuação por conivência. Assim, não adianta reclamarmos por algum estagiário que esteja atuando de maneira irregular, se nós mesmos colocamos nossa placa de venda em um imóvel, quando nele já havia a de um colega, e não comunicamos esse profissional. A mudança tem que começar no dia a dia, nas mínimas atitudes. Tem que começar por nós, corretores de imóveis. Então, em 2015, vamos lançar esse desafio de acreditarmos mais em nosso País e em nossa gente. Vamos fazer com que a nossa assessoria seja cada vez mais essencial aos nossos clientes. Com isso, sem dúvida, eles nos procurarão espontaneamente e não por força da lei. Nossa profissão caminha para os 53 anos de regulamentação. Vamos trabalhar para que, nos próximos 53 anos, sejamos vistos pela sociedade por um outro prisma, como profissionais éticos, competentes e, principalmente, fundamentais para o mercado imobiliário. Um feliz 2015 a todos! José Augusto Viana Neto - Presidente do CRECISP