Em três anos, valorização dos imóveis empata com inflação na Capital

Texto veiculado no jornal 'O Estado de São Paulo' dia 24/05/2014

A valorização dos imóveis usados nos últimos três anos em São Paulo praticamente empatou com a inflação, comportamento que contradiz especulações de que uma ``bolha imobiliária`` estivesse prestes a estourar nesse mercado. Ao contrário do que aconteceu com a crise de 2008 deflagrada nos Estados Unidos por uma sobrevalorização de ativos imobiliários, os preços médios de casas e apartamentos tiveram na Capital paulista ganho real de apenas 1,21 ponto percentual entre 2011 e 2013. Os preços médios de casas e apartamentos usados na Capital aumentaram 20,6% nesses três anos. A média da inflação do período foi de 19,39%, considerados os índices do IPCA, INPC, ICV e IGP-M. A compilação dos preços médios efetivos de venda foi feita com base nas pesquisas mensais realizadas em imobiliárias credenciadas pelo CRECISP. Entre os oito tipos de imóveis - casas e apartamentos de 1, 2, 3 e 4 dormitórios - considerados no levantamento, três perderam para a inflação. A valorização de apartamentos de 1 dormitório foi de 8,08% comparados os preços médios de 2013 com os de 2011. A dos apartamentos de 3 dormitórios ficou em 14,49% e a das casas de 1 dormitório foi de 12,79% Em primeiro lugar entre os imóveis cujos preços aumentaram mais que a inflação média desse período ficaram os apartamentos de 4 dormitórios, com valorização média de 30,75%. Seguem-se as casas de 3 dormitórios (+ 28,71%), apartamentos de 2 dormitórios (+ 24,13%), casas de 2 dormitórios (+ 23,9%) e casas de 4 dormitórios (+ 23,83%). ``Pelo menos no segmento de imóveis usados, esse fantasma de uma suposta explosão de `bolha especulativa` é só um fantasma até agora``, afirma José Augusto Viana Neto, presidente do CRECISP. ``Não é que não existam situações em que preços possam estar inflados, mas, na média geral, e até nos exemplos extremos de valorização média apurados, os preços não indicam que o mercado esteja contaminado por movimentos especulativos``, acrescenta. Fim da bonança Entre os elementos que o fazem descartar a ameaça de uma bolha especulativa que derrube os preços de imóveis usados, o presidente do Creci de São Paulo destaca ``o rigor dos bancos na concessão dos empréstimos imobiliários, a fiscalização normativa do Banco Central sobre as operações de crédito e a inexistência de um processo que transforma maciçamente o crédito hipotecário inicial em um ativo que é revendido várias vezes, sem lastro real, como ocorreu nos Estados Unidos``. Esses ativos são os chamados subprimes, que estão na raiz da crise de 2008 nos Estados Unidos. Por conta da expansão de crédito sem muitas das garantias aqui exigidas, os imóveis nos EUA valorizaram-se de forma irreal e toda a cadeia de crédito se rompeu quando os compradores, sem condição de pagar as prestações, começaram a devolver ou ter os imóveis retomados. Os valores de venda despencaram, os imóveis encalharam e o dinheiro emprestado não voltou aos bancos. O período considerado no levantamento do CRECIP aqui na Capital paulista - 2011 a 2013 - já reflete uma situação de mercado diferente daquela existente imediatamente após a crise de 2008, que impactou violentamente economias de todo o mundo e custou estimados US$ 3 trilhões apenas ao Tesouro dos EUA. Esse dinheiro foi gasto para atenuar efeitos da crise e evitar uma falência geral de bancos e empresas. A onda de choque da crise não afetou tanto o Brasil quanto os Estados Unidos e a Europa. O presidente do Creci-SP lembra que o PIB do Brasil cresceu 5,2% em 2008, caiu 0,3% em 2009 e cresceu novamente em 2010, atingindo 7,5%. Para conhecer a pesquisa na íntegra, acesse: www.crecisp.gov.br/pesquisas/pesquisa.asp