O fim do túnel continua iluminado

Texto veiculado no jornal 'O Estado de São Paulo' dia 05/10/2013

Nestas últimas semanas, o crédito imobiliário foi o grande destaque nos principais jornais de todo o País. Seja do Banco Central, da CAIXA, ou dos levantamentos esporádicos realizados por diversas entidades do setor, o que se pôde perceber foi um clima de otimismo e a sensação de que bons ventos começam a soprar novamente no nosso segmento. A CAIXA, em seu balanço do mês de setembro, divulgou um recorde: foram R$ 100,1 bilhões em contratações para o financiamento de imóveis. Além disso, de acordo com um estudo feito pela Serasa Experian com base na análise dos saldos das carteiras de crédito concedido às pessoas físicas pelo Banco Central, os empréstimos imobiliários lideraram a lista das contratações no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação. Quase R$ 315 bilhões foram concedidos aos compradores de imóveis, proporcionando um crescimento nessa carteira de 2,7% em agosto na comparação com o mês anterior. Por outro lado, o setor da construção civil também comemorou o aumento do teto do financiamento com recursos do FGTS para R$ 750 mil (no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal) e para R$ 650 mil em outras regiões. A esperança é que a medida venha a promover um aquecimento ainda maior no segmento de imóveis novos, em especial, mesmo atendendo a uma parcela mais limitada da população, cuja demanda é por propriedades mais caras. Obviamente, a classe menos favorecida não sentirá os efeitos dessa medida, haja vista não contar com os recursos necessários para a aquisição de casas e apartamentos nessa faixa de preço. Mesmo assim, a se levar em consideração que o País vive em uma condição de pleno emprego, o aumento do teto pode funcionar como um incentivo a mais para a compra da casa própria. Interessante também é analisar o perfil dos novos tomadores do crédito imobiliário. Segundo o balanço da CAIXA, a maior entidade financiadora do segmento, os mutuários estão cada vez mais jovens nos últimos anos. Do total da carteira, 44% têm menos de 35 anos de idade e esse percentual sobe para 57% se forem considerados apenas os contratos assinados neste ano. O que se pode concluir desse cenário é que o segmento habitacional do País vem passando - já há alguns anos - por grandes mudanças. Se voltarmos no tempo, percebemos que eram muito raros os casos onde encontrávamos jovens com menos de 35 anos já adquirindo o imóvel próprio. A carreira profissional só se tornava sedimentada o suficiente para essa aquisição, no mínimo, após os 40. A facilidade na obtenção do crédito, com taxas de juros mais baixas, prazos mais longos e a estabilidade econômica do Brasil são fatores que estão estimulando, em especial, essa parcela mais jovem ao financiamento habitacional. No que diz respeito aos imóveis usados, as pesquisas do CRECISP registram a participação crescente do crédito imobiliário nas vendas. No início do ano, 35,24% das casas e apartamentos vendidos no Estado de SP eram financiados. Porém, desde o mês de fevereiro esse percentual se mantém acima dos 50%, chegando, em junho, a 61,24% e subindo para 61,95% em julho. Também o volume acumulado de negócios realizados nos sete primeiros meses do ano se manteve em alta: 13,25%. Somem-se a isso os subsídios do governo, através de programas como o Minha Casa Minha Vida, que visam incluir as parcelas mais carentes da população, e onde o déficit habitacional está mais concentrado, para que tenhamos boas expectativas para os próximos anos. E se o percentual do crédito imobiliário ainda é pequeno em relação ao PIB do País - em torno de 4% -, esse também pode ser um indicador de que há espaço para crescermos, transmitindo segurança e credibilidade a quem deseja investir nesse mercado. Ainda há luz no fim desse túnel. José Augusto Viana Neto Presidente do CRECISP