O futuro da atividade está em suas mãos

Texto veiculado no jornal 'O Estado de São Paulo' dia 19/01/2013

Muito se fala a respeito do futuro da profissão de corretor de imóveis. A cada solenidade para a entrega de carteiras a novos profissionais, o CRECISP fornece todas as orientações e esclarecimentos necessários para que os que estiverem ingressando na carreira estejam cientes de seus deveres e também de seus direitos. De tudo o que já foi dito, seja por analistas, sociólogos ou estudiosos do assunto, houve até quem afirmasse que, ao início do século XXI, a atividade de corretor imobiliário estaria extinta, frente às novas exigências e características dos consumidores e do mercado. No entanto, o que constatamos, especialmente em nosso País, foi a grata satisfação de iniciar o ano de 2000 com um período muito promissor à categoria que, cada vez mais, desperta o interesse de um número maior de profissionais e conta, atualmente, com 80% de inscritos vindos de outras áreas e com formação universitária. Também se questiona, no momento, se haverá novas e boas oportunidades, tanto para os ingressantes quanto para os veteranos que atuam na categoria. O Brasil conta com um déficit habitacional de seis milhões de unidades - número que permanece nesse patamar há anos, pois não se consegue produzir o necessário para sanar ou ao menos minimizar essa carência crônica de imóveis às famílias do País. Especialmente no segmento de imóveis populares, onde a balança se desequilibra entre custos de produção e faixas de lucratividade, o déficit vai se eternizando, de maneira simultânea ao aumento do interesse de construtoras e incorporadoras pela classe média e média alta. Produzimos cerca de 1 milhão e meio de unidades ao ano e constatamos que a margem de crescimento ainda é enorme. Além disso, no que tange aos financiamentos, bancos públicos e privados fecharam 2012 com um montante que atingiu cerca de R$ 178 bilhões em contratos imobiliários. Por outro lado, se a profissão tem todos os requisitos necessários e um amplo campo a ser trabalhado, ela não é das mais expressivas no que diz respeito a oferecer boas possibilidades de renda a quem a exerce. O que se visualiza são corretores e imobiliárias que não participam do sucesso do mercado na mesma proporção em que os negócios são realizados. Profissionais se submetem a reduzir os percentuais de seus honorários - até por uma questão de sobrevivência no mercado - mesmo tendo um histórico de bons trabalhos prestados e de clientes satisfeitos. É preciso considerar que o futuro da profissão está nas mãos dos próprios corretores, que devem assumir essa responsabilidade através de seu comportamento. Depende de cada um para que se possa chegar ao ponto de os clientes optarem por comprar através de um corretor de imóveis, pela tranquilidade que somente ele poderá oferecer a esse negócio. E quando há pessoas que agem de forma a desabonar os outros colegas de profissão, esse momento de confiança do cliente fica mais distante da realidade do profissional. Os que têm uma formação ética, de seriedade e respeito ao cliente, vão ser os que se destacarão no mercado, permanecendo na atividade em detrimento daqueles que não assumirem essa conduta. A dificuldade para ser corretor de imóveis poucos conhecem, e acreditam que é uma profissão que se limita apenas à apresentação de propriedades e ponto final. No entanto, a responsabilidade objetiva nas transações, a partir do novo Código Civil, passou a ser um diferencial importante para a categoria. A partir do momento que o corretor trabalhar sempre visando o interesse do cliente, o bom resultado e a satisfação, será recomendado e, sem dúvida, terá um futuro cada vez mais esplendoroso. Em contrapartida, a maioria imediatista que não pensar no pós-venda e visualizar somente a comissão, dificilmente permanecerá na atividade. O corretor não trabalha para vender o imóvel. Ele não está ali para convencer o cliente a fechar o negócio, mas sim para resolver o seu problema, para atendê-lo de forma plena e deixar que a decisão seja sua. Quando atinge essa maturidade e se conscientiza de sua responsabilidade, colocando as questões éticas em primeiro lugar, o corretor está agindo para a consolidação de sua atividade e para seu sucesso profissional. José Augusto Viana Neto - presidente do CRECISP