Um ano de aprendizado

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo em 02/01/21


Certamente, os primeiros dias de janeiro de 2021 serão muito diferentes dos do ano passado, quando a palavra pandemia ainda era desconhecida da maioria da população mundial. Os doze últimos meses nos apresentaram realidades novas, em que tivemos que aprender a reorganizar, refletir, reinventar.

No segmento imobiliário, passado o susto inicial, com o fechamento de todas as atividades tidas como não essenciais, os clientes foram, aos poucos, retornando aos plantões e imobiliárias, buscando casas e apartamentos que, mais do que nunca, se transformaram em nossos portos seguros. O imóvel residencial ganhou ares de escritório, com integrantes de uma mesma família ocupando seus cômodos com lives, videoconferências e aulas. Novas rotinas foram criadas e muitas pessoas se viram quase que obrigadas a mudar para imóveis maiores – ou menores – na tentativa de se adaptarem ao novo normal.

Um dos ensinamentos que a Covid-19 deixou ao nosso mercado foi a possibilidade de mudar, sempre. As tendências imobiliárias que apontavam para a valorização dos apartamentos estúdios, por exemplo, com metragens cada vez menores, passaram a incluir propriedades espaçosas, longe do tumulto das grandes cidades, onde fosse possível trabalhar e conviver de maneira mais harmoniosa com a família e a natureza.

As lajes comerciais em edifícios de alto nível, construídos em avenidas movimentadas de grandes capitais, ganharam a concorrência das salas de jantar dos lares dos funcionários, que se transformaram em filiais de multinacionais.

Aqueles que imaginavam que iria sobrar verba aos bancos, pois não haveria interessados em financiar imóveis em 2020, erraram em suas previsões. Segundo a Abecip – Associação Brasileira das Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança, houve uma forte expansão no crédito imobiliário no último ano, com alta de 77,9%, alavancada pela baixa dos juros. Até novembro, a Abecip registrava a soma de R$ 106,51 bilhões concedidos à compra ou construção de imóveis, valor que representa 52,1% a mais em relação ao mesmo período de 2019.

Em dezembro, a CAIXA anunciou nova redução na taxa de juros, passando de TR + 6,75% ao ano para TR + 6,50% ao ano, tanto para os financiamentos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) quanto do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). A nova taxa entrou em vigor no dia 16 de dezembro.

A realidade do País também dá conta de que – mesmo com os esforços governamentais e os planos habitacionais – ainda faltam imóveis para uma grande parcela da população. O Sudeste abriga o maior déficit habitacional do Brasil, com uma demanda de 3.144.594 residências. Vale lembrar, ainda, que desse total, faltam 1.758.158 moradias para os paulistas, o que dá a dimensão de possíveis clientes aos corretores de imóveis.

A categoria enfrentou novos desafios em 2020, mas mostrou garra, confiança e soube valorizar as oportunidades. No CRECISP, trabalhamos com empenho em prol do aprimoramento de conhecimentos, com três a quatro lives e palestras diárias, e mais de 8 mil exibições/dia de vídeos pela TV CRECI, levando informação a todo o País por meio de nossas redes sociais.

Os cursos oferecidos pelo Conselho tiveram uma procura absurda, com destaque para o de Documentação Imobiliária e Avaliação, confirmando o engajamento dos profissionais e a consciência de que a boa formação é essencial para o sucesso na atividade.

O canal da TV CRECI na Youtube ultrapassou os 250 mil inscritos, com cerca de 5 mil vídeos publicados e à disposição dos corretores. Além disso, setores e departamentos trabalharam para que todos os processos continuassem sendo julgados, buscando a conciliação nos litígios, sempre que possível, promovendo diligências para que a fiscalização não esmorecesse e, principalmente, para que o inscrito continuasse encontrando no CRECISP a segurança e o apoio de sempre.

E se 2020 foi de aprendizado, este ano que agora se inicia será, certamente, de consolidação. Vamos nos manter firmes, para que as novas conquistas da categoria – que, com certeza, virão – possam ser comemoradas com abraços, apertos de mãos, e muitos cafezinhos nas assinaturas dos contratos. Que seja um 2021 pleno e muito feliz!

José Augusto Viana Neto

Presidente do CRECISP