Aluguel residencial tem segundo aumento seguido em SP

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo em 01/12/2018


Alugar casa ou apartamento na cidade de São Paulo ficou, em média, 3,81% mais caro em outubro, comparado a setembro, segundo pesquisa feita com 273 imobiliárias da Capital pelo CRECISP. Foi o segundo mês seguido de alta, resultado que levou a um aumento acumulado de 7,8% nos 12 meses transcorridos de novembro do ano passado a outubro último. No mesmo período, a inflação oficial, medida pelo IPCA do IBGE, ficou em 4,56%.

“A dificuldade de acesso à casa própria empurra as pessoas para o aluguel, fazendo crescer uma demanda que já é crônica por causa do déficit habitacional, e a consequência acaba sendo o aumento do aluguel mesmo com a persistência da crise econômica que achatou salários e provocou desemprego”, explicou José Augusto Viana Neto, presidente do CRECISP.

Enquanto os aluguéis novos superaram a inflação, os preços dos imóveis usados evoluíram abaixo da inflação. Segundo a pesquisa CreciSP, em outubro os preços médios do metro quadrado tiveram queda de 9,91% em relação a setembro. Em 12 meses (novembro de 2017 até outubro/2018), a alta acumulada é de 3,84%, abaixo da inflação de 4,56%. “Os donos de imóveis estão sendo levados a ajustar suas expectativas de preços a uma realidade em que o crédito imobiliário continua escasso, caro e praticamente inacessível à maioria”, justificou Viana Neto.

As vendas de imóveis usados na Capital caíram 13,74% em outubro comparado a setembro e a locação cresceu 4,5% no mesmo período. Mas em 12 meses, de novembro do ano passado até outubro último, as vendas acumulam crescimento de 19,19% e a locação, de 8,29%. “Esses números precisam ser colocados em perspectiva e contextualizados para que se tenha a dimensão real do que significam”, afirmou Viana Neto.

O crescimento das vendas, por exemplo, se dá sobre uma base reduzida desde que se instalou a recessão no País, em 2015. Em outubro de 2013, ano em que o PIB cresceu 3%, o índice de vendas da Capital estava em 0,4233. Este ano, em outubro, o índice ficou em 0,2344, praticamente a metade do registrado cinco anos atrás. “Cresceu, mas não chegou nem perto de recuperar o que foi perdido na recessão”, esclarece Viana Neto. O PIB cresceu apenas 0,5% em 2014 e caiu 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. Ano passado, cresceu 1%.

Já o índice de locação da Capital passou de 1,8535 em outubro de 2013 para 3,0256 em outubro último, crescimento que se explica pela “lógica da necessidade”, segundo o presidente do CreciSP. “As pessoas que conseguiram manter emprego e renda precisaram e precisam morar em algum lugar e, não podendo comprar, alugam, o que faz crescer esse mercado”, pondera Viana Neto.

A pesquisa do CRECISP apurou que 65,63% dos imóveis usados vendidos em outubro o foram com pagamento à vista. A participação dos financiamentos foi de 32,81%, e 1,56% tiveram o pagamento parcelado pelos donos dos imóveis. A pesquisa não registrou vendas por meio de consórcios imobiliários.